Nico Fagundes

quarta-feira, julho 01, 2015


Antônio Augusto Fagundes (Alegrete, 4 de novembro de 1934 – Porto Alegre, 24 de junho de 2015), conhecido como Nico Fagundes, foi um poeta, compositor, ator, advogado e apresentador de televisão brasileiro. Nascido em Inhanduí, interior do município do Alegrete-RS, - local de tradicionais famílias campeiras da fronteira - filho de Euclides Fagundes e Florentina (Mocita) da Silva Fagundes.


 Iniciou a carreira jornalística em 1950, aos 16 anos, no jornal Gazeta de Alegrete, o mais antigo do Rio Grande do Sul, nas funções de cronista e repórter. No mesmo período começou a atuar na Rádio ZYE9 - Rádio Alegrete, apresentando programas humorísticos e gauchescos.


 Foi secretário dos Cadernos do Extremo Sul, publicações que sob a direção de Helio Ricciardi, lançou diversos poetas da cidade de Alegrete.


 Em 1954, mudou-se para Porto Alegre e é como poeta que é apresentado ao 35 CTG - Centro de Tradições Gaúchas, por intermédio do poeta Lauro Rodrigues. E nunca deixou de fazer verso. Tornou-se amigo e companheiro de Waldomiro Souza, Horácio Paz, João Palma da Silva, Amandio Bicca, Niterói Ribeiro, Luiz Menezes, José Hilário Retamozo, Hugo Ramirez, João da Cunha Vargas, ou seja, a fina flor da poesia gauchesca da época, que freqüentava o rodeio do 35 CTG, às quartas de noite e aos sábados de tarde, na Av.Borges de Medeiros, no quinto andar da FARSUL.


 Conhece, então, e torna-se amigo de Jayme Caetano Braun, cujo ingresso no 35 CTG vai amadrinhar.


 No mesmo ano, tornou-se redator do Jornal A Hora, no qual atuou durante muitos anos com a página Regionalismo e Tradição.


 O encontro de Antônio Augusto Fagundes, por esta época, com Glaucus Saraiva foi histórico: vinham de uma briga pelos jornais, mas quando se encontraram, foi amor à primeira vista, uma amizade tão forte que nem a morte de Glaucus conseguiu interromper.


 Pelas páginas do jornal A Hora, lançou Jayme Caetano Braun e dois moços que estavam aparecendo com muita força: Aparício Silva Rillo e José Hilário Retamozo. O prestígio que emprestava à obra de outros poetas não fez com que descurasse de sua própria poesia.




 Ganhou prêmios e concursos em Vacaria, Alegrete e em Porto Alegre.


 Em 1955, passou a fazer parte do Instituto de Tradições e Folclore da Divisão de Cultura do Estado. Durante oito anos fez formação em folclorismo, especializando-se em Cultura Afro-gaúcha. Tornou-se professor de danças folclóricas e literatura gauchesca no Instituto de Tradições e Folclore. Viajou para a Europa como sapateador do Grupo Gaudérios, morando em Paris por quatro meses.


 Iniciou pesquisas de indumentária gaúcha, tornando-se a maior autoridade sobre o assunto no Rio Grande do Sul.


 Foi contratado pela TV Piratini para atuar como ator.


 Foi um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional, batizado de Os Gaúchos, e do qual foi diretor durante 15 anos.


 Fundou, no Instituto de Tradições e Folclore, a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, que funcionou durante seis anos. Atuou como titular nas cadeiras de danças folclóricas e indumentária gaúcha. Foi diretor da escola durante seis anos.


 No início da década de 1960, conquistou o primeiro lugar em concurso literário promovido pelo Instituto Estadual do Livro, com a obra Destino de Tal. Pouco depois passou a trabalhar na TV Tupi.


 Em 1960, ingressou na Faculdade de Direito de Porto Alegre. No mesmo ano, casou-se com Marlene Nahas.


 Formado em Direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e Mestre em Antropologia Social, todos os seus cursos foram realizados na Universidade Federal do RGS (UFRGS).


 Por todas essas suas qualificações, Antônio Augusto Fagundes é respeitado como autoridade em Folclore gaúcho, História do Rio Grande do Sul, Antropologia, Religiões afro-gaúchas, Indumentária gauchesca, Cozinha gauchesca e danças folclóricas.


 Além disso, sempre deu a devida importância à dupla ligação da cultura gaúcha, com o outro Brasil e com os países do Prata. Tornou-se, assim, com o tempo e apoiado em uma biblioteca preciosa, um estudioso sério, respeitado e aclamado no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, conferencista bilíngüe e autor de inúmeras obras de consulta obrigatória.


 Entretanto, a face menos conhecida deste intelectual brilhante, é também sua face mais antiga, a de poeta.


 Ganhou prêmios e distinções importantes, como a Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro, a Comenda Osvaldo Vergara, da Ordem dos Advogados do Brasil, da qual é também advogado jubilado, e a Comenda do Mérito Oswaldo Aranha (esta última, em 24-10-08, da Prefeitura de Alegrete).


 Premiado incontáveis vezes como poeta, novelista, compositor, autor e ator de teatro, TV e cinema.

 Escreveu o roteiro do filme "Para Pedro". Atuou como ator, assistente de direção e consultor de costumes do filme "Ana Terra".

 Escreveu o roteiro, dirigiu e trabalhou como ator no filme "Negrinho do Pastoreio", com Grande Otelo.

 Atuou ainda como ator no filme "O Grande Rodeio", o qual também produziu e dirigiu.


 Em 1976, ingressou na Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.


Em 1982 apresenta pela RBS TV (afiliada da TV Globo) o programa Galpão Crioulo, o que já lha rendeu três prêmios internacionais: em Buenos Aires, em Nova York e na Cidade do México. Em 2012, Nico Fagundes deixou de apresentar o programa, sendo substituída pela cantora Shana Mûller e seu sobrinho Neto Fagundes, que já apresentava o programa ao seu lado nos últimos anos.


 Em 1984, passou a apresentar o mesmo programa na Rádio Gaúcha.

No mesmo ano voltou a atuar no jornalismo, escrevendo no jornal Zero Hora - uma coluna semanal que mantém até hoje.


 Em 1998, comandou em Paris, a apresentação do Grupo "Os Gaúchos".


 No mesmo ano escreveu a peça teatral A Proclamação da República Rio-grandense".


 Ao longo de sua carreira recebeu diversos prêmios, entre os quais, Prêmio Copa Festivales de España, Medalha de Bronze da Televisão Mundial pelo programa "Galpão Crioulo" e o Troféu Guri da Rádio Gaúcha. Recebeu inúmeros prêmios em poesia, canções gauchescas, declamações, danças folclóricas e teses. É autor de mais de 100 músicas, entre as quais, "O canto Alegretense".


"O Canto Alegretense", música em que os versos são de sua autoria, é mais cantado que o próprio Hino de Alegrete. Nico Fagundes (2002)


 Publicou seu primeiro livro de versos "Com a Lua na Garupa" e depois o segundo "Ainda com a Lua na Garupa".


 O terceiro tem o nome de "Canto Alegretense", nome tirado da canção famosa cujos versos escreveu. Aliás, neste livro aparecem muitas letras das suas canções mais famosas dentre as 370 gravadas e regravadas por vários intérpretes e parceiros.

Foi um dos fundadores da Confraria dos Cavaleiros da Paz, atualmente Embaixadores da Tradição e do Folclore do Rio Grande do Sul. Aceitou o desafio de um conterrâneo para refazer a cavalo, caminhos antes traçados pela guerra. No dia 1 de junho de 1990, no comando da primeira grande Cavalgada, Nico ponteava e soltava o grito “- De a cavalo, indiada!”, brado que marcaria todas as cavalgadas sob seu comando.


Em 2000, ele teve um acidente vascular cerebral (AVC), mas se recuperou. Em 2010, chegou a ficar em coma induzido após uma infecção geral no organismo. Dois anos depois, voltou à UTI pelo mesmo problema


Morte

Nico Fagundes faleceu dia 24 de junho de 2015, com 80 anos de idade, no Hospital Ernesto Dornelles, em Porto Alegre, onde esteve internado por um mês, por problemas respiratórios.


Filmografia

Televisão

O Tempo e o Vento (Globo, 1985) - Bento Gonçalves

Cinema

Lua de Outubro (2001) (Longa-metragem)

A Cobra de Fogo (2000) (Curta-metragem)

O Negrinho do Pastoreio (1973) (Longa-metragem)

Ana Terra (1971) (Longa-metragem)

A Quadrilha do Perna Perna Dura (1976) (Longa-metragem de Teixeirinha)

APROCHEGUE E CONFIRA

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